domingo, 15 de dezembro de 2013

Olfação dos insetos

       A cabeça dos insetos consiste em uma série de segmentos corporais metaméricos, especializados em conjunto para a coleta e manipulação de alimentos, percepção sensorial e integração neural. A olfação é a modalidade sensorial que permite que os insetos reconheçam recursos relevantes do seu habitat através das moléculas químicas presentes no ambiente. As antenas dos insetos variam muito em tamanho e forma e são importantes para a identificação. Os seguintes termos são utilizados para descrever suas formas:

As antenas são apêndices segmentados e pareados localizados na cabeça e geralmente entre os olhos compostos ou abaixo deles.



       As antenas abrigam uma série de estruturas (sensilas), células (neurônios olfativos, células acessórias) e que em conjunto são os responsáveis iniciais pelo reconhecimento de estímulos que poderão desencadear comportamentos nos insetos. As sensilas compartilham certo grau de organização e funções, são responsáveis por abrigar os dendritos dos neurônios sensoriais, com também são responsáveis pela detecção de moléculas voláteis presentes no ar, e são estruturas cuticulares originárias a partir de células epidérmicas auxiliares, as células tricógenas, e abrigam os neurônios sensoriais olfativos.
     
    Os neurônios sensoriais olfativos são semelhantes em sua anatomia, aos encontrados nos mamíferos, mas com o diferencial de não estarem na superfície do epitélio e sim dentro das sensilas. 
    
    Para complementar o reconhecimento do estimulo olfativo nos insetos, várias células epidérmicas com funções especializadas envolvem os neurônios nas sensilas, que são chamadas de células acessórias. Existem quatro 4 tipos celulares, 3 que envolvem sucessivamente os dendritos e a parte distal do corpo celular, e 1 que envolve a parte restante do corpo celular e do axônio. Algumas sensilas apresentam apenas duas células acessórias, e outras até cinco. Estas são denominadas de células tricógena, tormógena, tecógena acessória ou intermediária e neurilema ou glial.

Sensila olfativa de um inseto

Como ocorre a transdução do sinal olfativo:

      As moléculas odoríferas que estão no ambiente e sobre a superfície das sensilas, penetram na cutícula, entram pelos poros e entram em contato com a linfa sensilar. A entrada nas sensilas, o percurso da molécula de odor no interior da sensila e sua interação com a membrana dos dendritos  dos neurônios sensoriais olfativos, são de suma importância para que ocorra uma reação da célula nas mudanças de concentração do odor para que ocorra uma resposta imediata. Sendo assim, é necessário que haja um rápido desaparecimento dos estímulos olfativos para que ocorra novas detecções de novos estímulos. Tais condições são garantidas pela presença de uma série de proteínas solúveis e de membrana que estão destinadas ao transporte das proteínas ligadoras de odor, (do inglês odorant binding proteins-OBPs), ao reconhecimento e desencadeamento dos sinais elétricos (receptores olfativos e receptores ionotrópicos) e a eliminação das moléculas de odor do espaço sensilar (enzimas degradadoras de odor-EDOs).


A informação olfativa:

     A partir dos estímulos recebidos com as moléculas odoríferas, o potencial  de ação dos neurônios sensoriais odoríferos são propagados para o lobo antenal, que apresentaram sinapses com interneurônios locais, que podem ser excitatórios ou inibitórios, com os interneurônios de projeção. Dessa maneira, esse processo irá formar estruturas esféricas que possuem uma grande densidade de sinapses, que irão contribuir para o processamento dos sinais dos neurônios sensoriais odoríferos. Estas estruturas são chamadas de glomérulos. Sendo assim, os neurônios que expressarem um mesmo quimiorreceptor, projetam seus axônios para um mesmo glomérulo, que por sua vez, ativarão um odor específico em um região particular do lóbulo antenal, criando padrões exclusivos de ativação no lóbulo antenal.


Referencias:

Borror, D.J.; C.A. Triplehorn & N.F. Johson. 2011. Estudos dos Insetos (Tradução da sétima edição). Editora Cengage Learning, 809p.


Rafael, J.A.; G.A.R. Melo; C.J.B. de Carvalho; S.A. Casari & R. Constantino (Eds.). 2012. Insetos do Brasil: Diversidade e Taxonomia. Holos Editora, Ribeirão Preto, 
810 p. 

Marcelo Gustavo Lorenzo & Ana Claudia do Amaral Melo. Tópicos Avançados em Entomologia Molecular, Capitulo 9, Olfação e comportamento. Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular, 2012.











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